segunda-feira, 4 de julho de 2011

LÍQUIDO SINOVIAL
·         Encontrado nas cavidades articulares – viscoso.
·         Formado por um ultrafiltrado do plasma e tem essencialmente a mesma composição do plasma – fornece nutrientes para as cartilagens, além de lubrificar as faces articulares móveis.

COLHEITA
·         Aspirado do joelho com agulha – artrocentese.
Ø  Quantidade normal do líquido na cavidade articular do joelho: inferior a 3,5 ml – aumentando nos distúrbios.
Ø  Colhe-se um volume condizente com o que há.
·         Normal: não coagula.
·         Proveniente de articulações comprometidas pode conter fibrinogênio e formar coágulos.
Ø  Colhe-se amostras com anticoagulante e sem anticoagulantes. EDTA ou heparina para evitar a presença de artefatos.
Ø  Três tubos: um estéril e heparinizado para microbiologia; um heparinizado para hematologia e um não heparinizado para outros exames.
Ø  Amostra sem anticoagulante deve ser centrifugada.
·         A maioria dos distúrbios pode ser diagnosticada por exame dos cristais e microbiologia.
HEMATOLOGIA
·         Viscosidade: essencial para lubrificação apropriada.
Ø  Artrite diminui viscosidade.
ü  Vários métodos para medir viscosidade: o mais simples é observar se o líquido que cai da ponta de uma seringa forma fio: fio com 4 a 6 cm é normal!

·         Contagem celular: conta-se leucócitos e hemácias – imediatamente – câmara de Neubauer. Em líquido transparente não há diluição, mas quando está turvo ou sanguinolento há.
Ø  Normal: presença de menos de 200 leucócitos/µl.
Ø  Inflamações graves: 100.000/µl ou mais.

·         Diferenciação: linfócitos, monócitos, macrófagos e células do tecido sinovial – normal.
Ø  Neutrófilos: menos de 25%, mais que isso é sinal de infecção.
Ø  Se a contagem celular é alta, predominando linfócitos, indício de inflamação não-bacteriana.
ü  Contagem diferencial feitas em lâminas de esfregaços.



·         Identificação de cristais: usado no diagnóstico da artrite, importante.
Ø  Encontrados cristais de:
ü  urato monossódico (ácido úrico) – gota
ü  pirofosfato de cálcio – pseudogota.
ü  colesterol
ü  apatia – principal mineral encontrado nas cartilagens
ü  cristais de corticosteróides – resultantes de injeções.
ü  oxalato de cálcio e talco – contaminação.
Classificação
Significado Clínico
Achados

I.              Não inflamatórios
Distúrbios articulares degenerativos
Transparente, amarelo.
Boa viscosidade.
Leucócitos: menos de 5.000
Neutrófilos: menos de 30%
Glicose normal – semelhante à glicose sanguínea.

II.            Inflamatórios
Problemas imunológicos, como artrite reumatóide e lúpus eritematoso.
Opaco, amarelo.
Pouca viscosidade.
Leucócitos: 2.000 a 100.000
Neutrófilos: mais de 50%
Baixo nível de glicose.
Possibilidade de auto-anticorpos.

III.           Sépticos
Infecção bacteriana.
Opaco, verde-amarelado.
Pouca viscosidade.
Leucócitos: 10.000 a 200.000
Neutrófilos: mais de 90%
Baixo nível de glicose.
Cultura positiva, organismos Gram-positivos.

IV.          Provocados pela formação de cristais
Gota.
Pseudogota.
Opaco ou leitoso.
Pouca viscosidade.
Leucócitos: até 50.000
Neutrófilos: menos de 90%
Baixos níveis de glicose.
Ácido úrico elevado.
Presença de cristais.

V.            Hemorrágicos
Traumatismo.
Deficiências de coagulação.
Opaco, vermelho.
Pouca viscosidade.
Leucócitos: menos de 5.000
Neutrófilos: menos de 50%
Glicose normal
Presença de hemácias.



BIOQUÍMICA
·         Dosagem da glicose – quando seus valores são muito baixos há indício de distúrbios inflamatórios ou bacterianos.
ü  Deve-se colher simultaneamente amostras de sangue e de líquido sinovial, de preferência em jejum de oito horas
Ø  O nível normal da glicose no líquido sinovial não deve ser inferior ao sangue em mais de 10 mg por dl.

·         Lactato: diferenciação entre artrite inflamatória e bacteriana.
ü  Se estiverem abaixo de 7,5 mmol por litro – 98% de que não se trate de artrite séptica.
ü  Se estiverem acima desse valor – grande probabilidade de artrite bacteriana, mas também é possível a ocorrência de artrite reumatóide.
·         Proteínas: normal é inferior a 3 g/dl.
·         Elevado: distúrbios inflamatórios e hemorrágicos.
·         Ácido úrico: confirmação de diagnóstico.

MICROGIOLOGIA
·         Identificar os organismos causadores das infecções bacterianas – coloração de Gram e cultura – em todas as amostras.

SOROLOGIA
·         Artrite reumatóide e lúpus eritematoso: forte inflamação articular – demonstração da presença de auto-anticorpos específicos no soro do paciente.
·         Determinar os níveis de complemento – diagnosticar se artrite é imunológica ou não.



LÍQUIDOS SEROSOS
·         As cavidades fechadas do organismo são revestidas por duas membranas serosas – uma que reveste as paredes da cavidade (parietal) e outra que cobre os órgãos do interior da cavidade (visceral).
·         Seroso: líquido situado entre as membranas – lubrificante – já que elas entram em contato o tempo todo durante o movimento – pequena quantidade de líquido, pois é tudo proporcional!


FORMAÇÃO
·         Como ultrafiltrados do plasma.
·         Produção e reabsorção estão sujeitas a pressões hidrostáticas e coloidais (oncóticas) exercidas pelos capilares que irrigam as cavidades.
Ø  A maior pressão hidrostática nos capilares sistêmicos do lado parietal favorece a produção de líquido através da membrana parietal e sua reabsorção através da membrana visceral.
COLHEITA
·         Por aspiração com agulha nas respectivas cavidades.
Ø  Toracocentese – PLEURAL
Ø  Pericardiocentese – PERICARDIAL
Ø  Paracentese – ASCITE (Peritonial)
·         Quantidade colhida é grande.

CONTAGEM CELULAR
Ø  Contagem celular: uma amostra com anticoagulante.
Ø  Cultura: tubo estéril.
Ø  Análises bioquímicas: amostra heparinizada.
OBS: Colher amostra não heparinizada para observação de coagulação espontânea.

TRANSUDATOS E EXSUDATOS
·         Transudatos são resultantes de um processo mecânico.
Ø  Distúrbio sistêmico, rompendo o equilíbrio entre filtração e absorção – como alterações na pressão hidrostática criadas pela insuficiência cardíaca congestiva ou síndrome nefrótica.
·         Exudatos provêm de um processo inflamatório.
Ø  Comprometem diretamente as membranas de determinada cavidade, inclusive infecções e neoplasias.

OBS: Para distinguir deve-se levar em conta a aparência, quantidade total de proteínas, desidrogenase láctica, contagem celular e coagulação espontânea.
ü  Entre os exames de rotina, se classifica, se faz contagem celular (Neubauer) e diferencial (esfregaços) e se há células estranhas se encaminha para o patologista.

LÍQUIDO PLEURAL
·         Acúmulo anormal de líquido nas situações em que a pressão hidrostática capilar, a pressão coloidal, a permeabilidade e a drenagem linfática são afetadas.
Ø  Insuficiência cardíaca congestiva e a hipoalbuminemia são distúrbios sistêmicos cujo resultado culmina na produção de transudato.
Ø  Pneumonia e carcinoma provocam drenagem localizada com derrames exsudatos.

APARÊNCIA
·         Pleurais normais e transudatos: transparentes e amarelos claros.
·         Turvação: presença de leucócitos e indicativo de infecção bacteriana, tuberculose ou distúrbio imunológico, como artrite reumatóide.
·         Sangue: hemotórax, lesão da membrana ou aspiração traumática.
·         Leitoso: presença de material quiloso proveniente de vazamento do ducto torácico ou de material pseudoquiloso produzido em quadros inflamatórios crônicos. – Para distinguir os dois materiais, mistura-se com éter: o material quiloso será extraído pelo éter, deixando uma camada transparente. – A coloração com Sudan III será positiva para o quiloso.
TESTES HEMATOLÓGICOS
·         Contagem de leucócitos e contagem diferencial.
·         Elevado: superior a 1000 células/µl.
Ø  Derrames tuberculosos: contagem moderadamente elevadas – predominância de linfócitos e presença de plasmócitos.
Ø  Infecções bacterianas: contagem alta – predominância de neutrófilos.
Ø  Derrames neoplásicos: alta contagem de linfócitos.
Ø  Inflamações não-bacterianas: células mesoteliais provenientes das membranas pleurais, inclusive reativas – contagem elevada. (raramente vistas na tuberculose e nas infecções bacterianas)
Ø  Derrames hemorrágicos: macrófagos com material fagocitado.
Ø  Lupus eritematoso sistêmico: grande número e neutrófilos e células típicas.

ANÁLISES BIOQUÍMICAS

·         Análises mais freqüentes: glicose, pH e amilase.
ü  Inflamações tuberculosas e reumatóides: baixos níveis de glicose.
ü  Casos de pneumonia com necessidade de intubação e uso de antibióticos: pH inferior a 7,2.
ü  Neoplasias: pH acima de 7,4.
ü  Ruptura esofágica: pH 6,0.
ü  Lesão pancreática: amilase elevada.

ANÁLISES SOROLÓGICAS
·         Distinguir derrames de origem imunológica e neoplásica de derrames de origem não-inflamatória e não-neoplásica.
Ø  Testes com anticorpos antinucleares, quantificação de imunoglobulinas, componentes do complemento e antígeno carcinoembrionário.
ü  Reações inflamatórias e neoplásicas: níveis elevados de imunoglobulinas e CE ou de complemento reduzido.

v  Aparência normal: transparente, amarelo-claro.
v  Turvação: leucócitos e microrganismos.
v  Sangue: lesão traumática, neoplasias, punção traumática.
v  Leitoso: material quiloso e pseudoquiloso.
v  Sudan III: material quiloso.
v  Neutrófilos: infecção bacteriana.
v  Linfócitos: tuberculose, neoplasia.
v  Glicose normal: relação direta com a glicose sérica.
v  Glicose baixa: tuberculose, inflamação reumatóide, neoplasia.
v  pH baixo: tuberculose, neoplasia, ruptura esofágica.
v  Amilase elevada: pancreatite.
v  ACE: neoplasia.
LÍQUIDO PERICÁRDICO
·         Pequena quantidade – 10 a 50 ml – líquido transparente.
Ø  Derrames ocorrem por alterações na permeabilidade das membranas, infecção, neoplasia ou comprometimento metabólico .
ü  Nos distúrbios metabólicos, o líquido é transparente.
Ø  Infecção ou neoplasia: turvação.
Ø  Sistema linfático está comprometido: leitoso.
Ø  Lesão da membrana é causada por tuberculose e tumores: com filamentos sanguíneos.
Ø  Contagem de leucócitos maior que 1000 células/µl: infecção.
Ø  Neutrófilos: endocardite bacteriana.
Ø  Glicose baixa: infecção bacteriana e neoplasia.

OBS: não se faz GRAM e culturas.

v  Aparência normal: transparente, amarelo-claro.
v  Turvação: infecção, neoplasia.
v  Sangue: tuberculose, tumor, punção cardíaca.
v  Leitoso: drenagem linfática.
v  Neutrófilos: endocardite bacteriana.
v  Glicose baixa: infecção bacteriana, neoplasia.
v  ACE: neoplasia.

LÍQUIDO DE ASCITE – PERITONEAL
·         Transudados e exsudatos – se introduz solução salina normal para atenuar como lavagem na detecção de lesões que ainda não tenham ocasionado o acúmulo de líquido.
·         O normal é transparente e amarelo-claro.
·         Exsudatos são turvos nas infecções bacterianas ou fúngicas – verdes quando há derrame biliar (provas para detecção da bilirrubina).
·         Material quiloso e pseudoquiloso.
·         Exame celular contendo: macrófago fagocitando gordura.

·         Contagem normal de hemácias: abaixo de 100.000/µl.
ü  Elevada: traumatismo hemorrágico.
ü  Sanguinolento a olho nu: não necessita contar.
·         Contagem normal de leucócitos: inferior a 300/µl.
ü  Aumenta: peritonite bacteriana e cirrose.
·         Contagem absoluta de granulócitos: acima de 250/µl³ - infecção.

Ø  Dosagem de ACE e níveis do antígeno CA 125 são importantes em neoplasias.
o   Presença do CA 125 e ACE negativo: indica que a origem da neoplasia está nos ovários, nas trompas ou no endométrio.

·         Análise bioquímica: dosagem de glicose, amilase e fosfatase alcalina.
Ø  Peritonite tuberculosa e neoplasias: níveis de glicose inferiores aos séricos.
Ø  Amilase: verificar casos de pancreatite e está elevada nas perfurações gastrintestinais.
Ø  Perfuração intestinal: nível elevado de fosfatase alcalina.
ü  Determinação do nitrogênio uréico e de creatinina quando há suspeita de rompimento da bexiga ou da punção acidental da mesma  durante a paracentese.
v  Aparência normal: transparente, amarelo-claro.
v  Turvação: peritonite, cirrose.
v  Sangue: traumatismo.
v  Leitoso: material quiloso ou pseudoquiloso.
v  Verde: bile.
v  Neutrófilos: peritonite.
v  Glicose baixa: peritonite tuberculosa, neoplasia.
v  Amilase elevada: pancreatite, perfuração gastrintestinal.
v  Fosfatase alcalina elevada: perfuração intestinal.
v  Uréia ou creatinina elevada: ruptura da bexiga.
v  ACE e CA 125: neoplasia.